A Consciência que Ainda Resiste




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O discurso atual progressista é mais exclusivo do que inclusivo.




Vivemos um tempo estranho. Em nome da justiça, distorcem a verdade. Em nome da inclusão, excluem. E em nome de uma nova consciência histórica, apagam o passado — ou o reescrevem como convém.


No Brasil, o reflexo disso começou com o desaparecimento de questões fundamentais como Educação Moral e Cívica e Religião. Sim, essas disciplinas tinham falhas — mas ensinavam algo. Falavam de valores, respeito, cidadania, fé, limite, identidade nacional. Foram transferidos por um silêncio estranho... ou por conteúdos carregados de visão ideológica, onde o aluno aprende menos sobre a realidade e mais sobre um discurso fabricado.


Até a História, que deveria formar o senso crítico e a memória do povo, foi transformada. Não se fala mais em complexidade, mas em opressor e oprimido. Personagens fundamentais do nosso passado foram apagados, limitados a estereótipos ou prejudicados por erros de sua época — julgados com a régua moral de hoje. O resultado? Um jovem que conhece Malcolm X, mas nunca ouviu falar de Joaquim Nabuco. Que autoriza o nome de Frantz Fanon, mas não faz ideia de quem foi Dom Pedro II.


Enquanto isso, fatos históricos importantes são varridos para debaixo do tapete. Muitos chefes tribais africanos colaboraram com o tráfico de escravos, vendendo membros de etnias rivais aos europeus em troca de vantagens. Isso é fato. Assim como é fato que boa parte da miséria africana atual vem de dentro, da corrupção de governos locais, de guerras civis, genocídios étnicos e disputas por poder. Mas quem ousa dizer isso em voz alta?


E aqui no Brasil, o homem comum — que trabalha, respeita os outros e só quer cuidar da própria família — é retratado como “opressor estrutural” apenas por ser homem, branco ou hétero. Não importa se ele veio de origens simples, se carrega nas veias de sangue português, italiano, africano ou indígena. O simples fato de existir sem culpa já o coloca como alvo. Mas e se o avô dele — homem duro, trabalhador — conseguiu construir um império honesto para deixar os netos? Crime em série?


Pior ainda é o que se vê nas telas. Personagens históricos são modificados para agradar discursos, mesmo que isso traia os próprios registros da História. Cleópatra, descendente direta de uma dinastia grega no Egito, é retratada como africana negra. O ator que interpreta o Dr. Estranho é responsabilizado por possíveis pecados de seus ancestrais de 200 anos atrás. E a figura masculina — inclusive a de homens negros, asiáticos, latinos — é ridicularizada ou restauração de narrativas. Como se todo o herói fosse automaticamente um vilão.


Mas talvez o ponto central seja outro: ninguém quer ver a História como ela realmente foi. Prefira versões adaptadas ao gosto do discurso atual.


Não se trata de negar os erros do passado — mas de compreender que a humanidade inteira os cometeu. Toda civilização já dominou ou explorou outra. A diferença está na forma como lidamos com isso: com honestidade ou com manipulação.


Por isso, quando alguém percebe tudo isso e ousa falar, não está sendo retrógrado. Está sendo lúcido. Não é saudosismo, é consciência.



















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